(acrílico e colagem s/tela,75x50-2000)
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Por esta altura (2ooo), introduzi colagens nas minhas pinturas. A exemplo de outros, comecei por naturezas mortas. È evidente que me interessava a pintura plana dos cubistas, isto é, construir sem perspectiva, interpenetrando os planos. Não obstante, esta pintura (e outras) que fiz nesta época, não é uma pintura cubista. O espaço não o é, e não existe aqui a banalização do motivo (ou a sua diluição no todo da composição) em função do quadro como objecto decorativo. Jamais sacrifiquei os meus objectos no altar de uma qualquer nova visão. O jornal continua a ser um jornal, assim como a rede que envolve o presunto, (os trocados são de… Escudos, o que se virmos bem, dá à coisa um interesse acrescentado).
Não sou apreciador de receitas já aceites. Vou cozinhando consoante a “fome”.
De improviso, mas com uma vaga convicção.
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O que podem ver é uma pintura na qual utilizei de forma descricionária alguns dos recursos ou truques do cardápio que adquiri: O uso libertário das leis da perspectiva, a desproporção, a distorção e mais alguns despropósitos.
Ressalve-se o facto de ter conseguido uma espécie de efeito de trompe l’oeil integrando coisas coladas na pintura, (aqui sim como Braque, sem recorrer aos habituais ilusionismos lambidinhos).
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O resultado é aquilo que pretendia: uma composição com alguns efeitos, na qual os objectos são exactamente aquilo que parecem, mais aquilo que deles se depreende.
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