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A disposição dos objectos, como os personagens de um friso, foi condicionada à partida pelas dimensões e formato da tela. Este “arrumar” os meus personagens, como numa prateleira, correspondeu, talvez, a uma íntima necessidade de ordem, aquando da adaptação ao meu novo atelier.
Mas como toda a chamada à ordem infere a sua subversão.
Aqui estão as habituais máscaras, paleta, frutos, garrafas, mão de gesso, mas também algo novo, animal: o gato (o meu gato Alfredo) e o pássaro. Este último é a nota de desconforto e desequilíbrio nesta harmonia silenciosa, como uma buzina numa orquestra de violinos. O seu escorço forçado, como que para caber na composição, (como certos personagens de Hitchcock, que entram na trama para perturbar e desencadear o conflito) introduz aquele pulsar inquietante que julgo iniludível no meu trabalho.
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