Não há como a música para “produzir entusiasmo“. E não
há como a música popular para exaltar as hostes em tempo de eleições. Para
este propósito galvanizante são necessários, contudo, profissionais muito qualificados.
Quim Barreiros é o mais profissional e qualificado destes
artistas engajados na difícil arte de produzir entusiasmo (foram
muitos anos a-assar-frangos).
A sua simples presença num espectáculo gratuito, contratado
plo candidato e anunciado com aparato, facilmente atrai o público-alvo
ao redondel do comício. Depois, o seu bailinho lúbrico e o seu verso de duplo
sentido depressa fazem as maravilhas pretendidas. Não sem um ou outro bis, mais
um riff de acordeão e uma rima atrevida num compasso previsível e eis que, corações
ao alto, todas as consciências estão no ponto do rebuçado para escutarem
o discurso do candidato - e disponíveis para todos os vivas e os abaixo
que o entusiasmo suscite.
No fim, o candidato paga o pato e agradece-lhe. O Quim
embolsa o combinado, diz-lhe que não tem de quê e vai “produzir entusiasmo”
para outro concelho, que o tempo urge e a campanha eleitoral tem os dias
contados. Viva o povo. Viva o candidato que paga-o-pato. Viva a campanha
eleitoral. Viva a música prapular portuguesa.
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2 comentários:
VIVA!!
Confesso que não conhecia esta frase de Salazar, conhecia outras tal como "Os portugueses não precisam pensar eu penso por eles" Diria eu coube-nos um "Beato e Cínico"
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