"A FIGUEIRA É HOJE UMA CIDADE ESTÉRIL, IMPRODUTIVA, LÚGUBRE, SEM VIDA INTERIOR, SEM TRANSPORTES PÚBLICOS, SEM JUVENTUDE NEM ESPERANÇA, NEM UMA ÚNICA LIVRARIA OU UM JORNAL PERIÓDICO, MAS REPLETA DE BARES ÀS MOSCAS, DE COMÉRCIO FALIDO OU ENCERRADO, DE RUAS VAZIAS, DE EDIFÍCIOS EMPAREDADOS, DE INSTITUÇÕES DE CARIDADE, DE AGÊNCIAS IMOBILIÁRIAS, DE LOJAS DE PENHORES, DE IGREJAS EVANGÉLICAS, DE FANÁTICOS, DE CRETINOS, DE VELHACOS E DE SUPER-MERCADOS." Fernando Campos, In “Discurso sobre a Figueira”
“Fernando Campos é um homem de poucas palavras e de poucos traços. Não é por timidez, mas porque é um artista de essências, de contenção." Desta vez exagerou: gastou 7305 para nos presentear com um panfleto sarcástico, com tudo ao léu. Gabo a imaginação do Fernando: conseguir escrever 7305 palavras sobre uma cidade "que não tem nada de realmente diferenciado para oferecer", é obra.
Ela própria, a Figueira, qual cidade maldita, se encarregou de fazer o caminho até chegar aqui: "o (pouco) património que existiu foi depredado e avacalhado até à indignidade e à humilhação". António Agostinho, aqui.
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