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quarta-feira, 22 de abril de 2020

O caso do Chicão


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Este é mais um retrato de um rosto da classe dirigente. Ou melhor, um estudo para um retrato, digamos assim. Um estudo psicológico. Mas um estudo inconclusivo, receio. Inabado.
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Trata-se de, como já se terão dado conta os mais perspicazes, de Francisco Rodrigues dos Santos, o novel líder do CDS. O Chicão. Um conservador, como dele diz o Público, que adora Portas e Zeca Afonso. A sério. Um prodígio. Um jovem distinguido em 2018 pela revista Forbes como “um dos 30 jovens mais brilhantes, inovadores e influentes da Europa”.
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Chicão, ainda segundo o Público, trata os amigos por “camarada”. Exactamente. Como os comunas. Só que em Chicão isso vem-lhe do cumbíbio com os militares, mais exactamente dos oito anos como aluno interno do Colégio Militar. Ainda segundo o jornal da Sonae, “os ensinamentos desse tempo continuam na ponta da língua. Francisco ainda sabe de cor todo o código de honra da instituição: amor à pátria, disciplina, repúdio da violência... e por aí adiante.
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Eu é que me fiquei por aqui. Confesso que não fui capaz de ir por aí adiante. O estudo psicológico ficou inconclusivo e o retrato inacabado, ou desconseguido.
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Fiquei apazurdido com o pacifismo da nossa instituição militar, inscrito até no seu código de honra(!), que deve ser caso único no mundo - um case study castrense que não deixa de ser divertido. 
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E que os jovens queques de hoje em dia andem com a barba por fazer e se tratem por camarada, como os esquerdistas de antanho - são bizarrias pícaras que não deixam de ter também a sua peculiar comicidade.
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Mas o que realmente me deixa psicofodido é uma dúvida, que se me torna cada vez mais excruciante:
- onde é que, no meio disto tudo, terá errado José Afonso, para ser adorado por imbecis?
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2 comentários:

cid simoes disse...

É uma táctica manhosa para confundir e desvalorizar. O Che também foi adoptado pela burguesia e se perguntarmos à maioria dos jovens e não jovens quem foi e o que fez o revolucionário, não saberão responder. Os mesmos que vestem a camisola com a imagem de Che dizem que Fidel Castro foi um ditador. É difícil suportar estes filhos de puta.

X Dias Longo disse...

Como dizia o nosso poeta popular Aleixo "Para a mentira ser segura, e atingir profundidade, tem que trazer à mistura, qualquer coisa de verdade".
Falam de Che, falam do Zeca e até falariam de Lenine se isso lhe trouxesse algo. São como as cobras têm mamar doce para não aleijar a teta.
Um abraço agora virtual
Xavier Longo