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Todos
os ciclos políticos têm os seus defensores rebarbativos, o seu
“intelectual orgânico”, o seu porta-voz oficioso - alguém que,
de entre a “maioria”, na esgrima dos argumentos, se destaca pela
qualidade do “desempenho”, pela prolixa ferocidade na defesa da
ordem estabelecida e pela contundência na investida sobre
adversários.
Na
Figueira da Foz não podia ser de outra maneira.
O
aguiarismo teve o seu
chantre, um jornalista da LUSA que Aguiar contratou como
assessor de comunicação e cujo nome agora não me ocorre.
O
ataídismo também tem o seu. O chefe do coro dos convencidos
e dos convertidos da lojinha de aventais do Presidente Ataíde é
José Fernando Correia.
Ataíde
também o contratou para assessor, mas
financeiro; depois saiu para gestor de topo na Fundação
Bissaya Barreto; agora é deputado municipal plo Partido Socialista.
Além de se presumir que Correia seja a eminência parda do
ataídismo, também se presume que seja o cérebrosinho mais
destacado do, digamos assim, pensamento maçónico
figueirinhas.
Correia
escreve uma crónica semanal no “jornal” as beiras. É lá que,
entre pérolas de erudição google exibe uma tendência notória e
pedante para a prosápia sentenciosa de cariz marcadamente
ideológico e que, entre a ostentação de uma verve tonta e
alucinada, de verdadeiro prosélito, canta loas à miraculosa gestão
financeira do seu patrono enquanto vai destilando, em simultâneo
e sem disfarçar demasiado, um paternalismo bastamente serôdio por
este e pelos seus correligionários. Um prato cheio. Para quem
aprecia fenómenos patológicos bizarros.
A
Correia talvez não lhe ocorra que tudo tem fim, até os ciclos
políticos.
O
aguiarismo teve o seu, bem triste, e um legado embaraçoso que
Ataíde, talvez não estranhamente, logo assumiu (a iniciativa do
monumento a Aguiar de Carvalho, à porta da câmara municipal, logo
do início do seu primeiro mandato, foi a assunção disso mesmo, uma
verdadeira declaração de princípios e um indício do que se
seguiria).
O
Ataidismo também terá o seu fim, até com data marcada, pelo
limite de mandatos fixado por lei. O legado de Ataíde parece-me tão
triste e embaraçoso como o de Aguiar; e contudo algo mais ainda os une, o
imobiliário - se um entregou a cidade à volúpia cúpida dos
pratos-bravos da construção civil, o outro está fazendo o mesmo,
ainda mais alegremente e a mata-cavalos, aos patos-bravos da
distribuição.
Todavia,
conhecendo o eleitorado figueirense e a sua tendência mórbida para
o esquecimento, penso que se já ninguém gosta de se recordar do
legado de Aguiar, daqui a uns tempos também já ninguém se vai
querer lembrar do de Ataíde; muito menos do nome do seu chantre. Por
isso lhe fiz o retrato - mais um cromo para o meu Álbum
Figueirense. Talvez isso lhe dê a posteridade.
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