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segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

O chantre do avental

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Todos os ciclos políticos têm os seus defensores rebarbativos, o seu “intelectual orgânico”, o seu porta-voz oficioso - alguém que, de entre a “maioria”, na esgrima dos argumentos, se destaca pela qualidade do “desempenho”, pela prolixa ferocidade na defesa da ordem estabelecida e pela contundência na investida sobre adversários.
Na Figueira da Foz não podia ser de outra maneira.
O aguiarismo teve o seu chantre, um jornalista da LUSA que Aguiar contratou como assessor de comunicação e cujo nome agora não me ocorre.
O ataídismo também tem o seu. O chefe do coro dos convencidos e dos convertidos da lojinha de aventais do Presidente Ataíde é José Fernando Correia.
Ataíde também o contratou para assessor, mas financeiro; depois saiu para gestor de topo na Fundação Bissaya Barreto; agora é deputado municipal plo Partido Socialista. Além de se presumir que Correia seja a eminência parda do ataídismo, também se presume que seja o cérebrosinho mais destacado do, digamos assim, pensamento maçónico figueirinhas.

Correia escreve uma crónica semanal no “jornal” as beiras. É lá que, entre pérolas de erudição google exibe uma tendência notória e pedante para a prosápia sentenciosa de cariz marcadamente ideológico e que, entre a ostentação de uma verve tonta e alucinada, de verdadeiro prosélito, canta loas à miraculosa gestão financeira do seu patrono enquanto vai destilando, em simultâneo e sem disfarçar demasiado, um paternalismo bastamente serôdio por este e pelos seus correligionários. Um prato cheio. Para quem aprecia fenómenos patológicos bizarros.

A Correia talvez não lhe ocorra que tudo tem fim, até os ciclos políticos.
O aguiarismo teve o seu, bem triste, e um legado embaraçoso que Ataíde, talvez não estranhamente, logo assumiu (a iniciativa do monumento a Aguiar de Carvalho, à porta da câmara municipal, logo do início do seu primeiro mandato, foi a assunção disso mesmo, uma verdadeira declaração de princípios e um indício do que se seguiria).
O Ataidismo também terá o seu fim, até com data marcada, pelo limite de mandatos fixado por lei. O legado de Ataíde parece-me tão triste e embaraçoso como o de Aguiar; e contudo algo mais ainda os une, o imobiliário - se um entregou a cidade à volúpia cúpida dos pratos-bravos da construção civil, o outro está fazendo o mesmo, ainda mais alegremente e a mata-cavalos, aos patos-bravos da distribuição.


Todavia, conhecendo o eleitorado figueirense e a sua tendência mórbida para o esquecimento, penso que se já ninguém gosta de se recordar do legado de Aguiar, daqui a uns tempos também já ninguém se vai querer lembrar do de Ataíde; muito menos do nome do seu chantre. Por isso lhe fiz o retrato - mais um cromo para o meu Álbum Figueirense. Talvez isso lhe dê a posteridade.
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