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Ao contrário do bom povo que pensa que vai escolher o primeiro-ministro, gente como eu vota modestamente apenas para eleger os seus representantes.
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O meu representante para a próxima assembleia legislativa é o senhor Manuel Pires da Rocha - a quem curiosamente os media que indrominam diariamente as cabeçinhas dos eleitores indecisos com sondagens e factóides também atribuem “fortes possibilidades” de ser eleito.
Professor de música (é director do Conservatório de Coimbra) e violinista da Brigada Victor Jara, a sua actividade até proporcionou ao engraçadismo jornalistico agora em voga um destaque a condizer: a revista Visão titulou (não sei se perplexa se chocada): “um violinista no parlamento?”.
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A verdade porém é que seria bom, seria bonito, que um distrito que há dezenas de anos se vê representado consecutivamente apenas por paus mandados - que não passam nunca de “cornetas de chefe de estação” - elegesse por uma vez, para variar, um violinista.
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Eu teria, enfim, um representante no parlamento. E o distrito de Coimbra finalmente um solista. Um que não tocasse, de ouvido, o que lhe mandam. Um dos bons. Um daqueles que inventam novos sons - outras músicas - que dão voz a uma cidadania que não está indecisa nem se impressiona com o jornalismo espirituoso das sondagens habilidosas.
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1 comentário:
Atinge-se o vértice da degradação quando por ser raro, um violinista possa chegar ao Parlamento, e se tenha como natural, que LADRÕES de lá saiam e entrem com a maior das à-vontades.
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