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quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Álvaro Sobrinho

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Mostrem-me um anjo e eu pintá-lo-ei
Gustave Courbet
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Bem sei que o universo luso-tropical não produziu ainda nenhum espírito universal, nenhuma alma generosa ou genial. As sociedades civis dos países que acederam à independência política com o fim da ditadura portuguesa ainda não geraram nenhum exemplo para o mundo como Mandela, como Wangari Maathai ou como Denis Mukueje; nem o seu universo cultural intelectuais com a dimensão de Soyinka ou Achebe ou Gordimer ou Ki-Zerbo ou Naguib Mahfouz.
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Se estas sociedades não têm grande apreço pelas ciências ou pelas humanidades têm todavia em grande conta outros valores imutáveis, como o dinheiro. E um fascínio indesmentível por quem o possui. Esse é o valor cultural indiscutível, partilhado por ex-colonos e por “ex-colonizados”.
A verdade é que os países saídos do “mundo que o português criou”, continuaram (e continuam ainda, porque se revêem nele) a copiar o antigo modelo
Quarenta anos após a independência é à capital do antigo império que as suas classes dirigentes, recentemente enriquecidas, vão às compras, ao médico, fazem vultosos investimentos e é nos seus valores que, aí em colégios mui selectos, fazem instruir os seus filhos.
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Foi o caso de Álvaro Sobrinho. Um génio da alta-finança. Um anjinho negro luso-tropical que, doutrinado pelo ex-dono-disto-tudo - o Espírito Santo himself - chegou mesmo a ser o seu preferido. Ao contrário contudo do seu mentor, Sobrinho não é (ainda) um anjo caído.
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Dono de uma fortuna de vinte milhões por explicar, dele se diz que, se quisesse, duplicava a sua fortuna só em processos por calúnia. Diz-se também que esteve envolvido na transferência de Jorge Jesus para o Sporting - aqui com a colaboração do senhor Obiang, essoutro angelito negro do universo luso-tropical da cêpêélepê (que também já retratei aqui).
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Além de ser dono do Banco “Valor”, em Angola, Sobrinho também possui a maioria das acções do Sporting Clube de Portugal, do semanário “Sol” e das conservas Bom-Petisco; explora ainda a área comercial do diário "i" e tem um acordo para a sua eventual compra no futuro; também quis comprar a RTP e a SAD do Leixõesfutebolclube, esteve envolvido em vários processos de corrupção, lavagem de dinheiro e gestão danosa e até com a filantropia em África (é presidente do Planet Earth Institute, uma ONG registada no  Reino Unido).
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Por que isto existe, fiz-lhe um retrato. Pra não dizerem que não “pinto” anjinhos negros.
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2 comentários:

alex campos disse...

Bem, os nomes evocados já eram antes do acesso às independências. Dos lusófonos posso citar Viriato da Cruz, Agostinho Neto, Amílcar Cabral,Mondlane, Mário de Andrade, Castro Soromenho. E muitos outros, com certeza. São exemplos, sim.

platero disse...

talvez mais TIO do que SOBRINHO

abraço