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terça-feira, 7 de outubro de 2014

Cultivar o riso

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Rir de tudo é de tontos; não rir de nada é de estúpidos
Erasmo
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Apesar de achar o humor um bela panaceia para a vida, a verdade é que ele é inacessível a uma vasta gama de pessoas. Isto é, há gente cujo riso não passa pelo entendimento - o seu cerebrosinho blindado é inexpugnável tanto à mais fina ironia como ao mais espesso sarcasmo. O problema é que é gente que não se cala, busca sempre a última palavra; e há deles que até o fazem com inefável espírito circunspecto e rasteira elevação. Só visto.
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Para Balzac, “a estupidez tem duas maneiras de ser: ou se cala ou fala. A estupidez muda é suportável”. Mas eu não tenho ilusões; sei que é impossível calá-la. A “estupidez muda” é um sonho lindo mas inexequível, uma quimera. Tal como a quadratura do círculo, a reencarnação ou a sociedade sem classes, ela é uma utopia, uma “impossibilidade matemática” - ou seja, um problema “com mais incógnitas do que equações”.
Mas há mais. E pior – há “impossibilidades matemáticas paradoxais”, que são aquelas que já nascem resolvidas: é impossível, por exemplo, explicar a estupidez a um imbecil, ou discutir religião com um convertido, ou política com um prosélito – porque eles já têm a solução.
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O único remédio é resignar. Deixá-los falar. Quiçá até incentivá-los. Com uma boa e velha expressão popular figueirense. 

Depois de lançados, são imparáveis. 
Bem sei que é diversão que deve parecer pouco edificante. Que se foda. 
Antes isso do que chorar.
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1 comentário:

cid simoes disse...

Bela terapia. Enchi o papo. A mediocridade não passará!