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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Pedro Audi Soares

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A caridade cobre com um véu todos os defeitos dos homens René Descartes
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A capacidade humana para a sordidez é insidiosa. Sai-me ao caminho ou entra-me em casa pela televisão, pela rádio e pela internet.
O refúgio em paraísos artificiais, como o da beleza e da arte, não passa para mim de uma doce, mas triste ilusão. E a pura e simples abstracção é-me, tecnicamente, impossível. 
A “concertação social” aí está para mo lembrar.
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A minha única terapia é o desenho. Neste caso, a caricatura. Sei que é algo pueril, mas o retrato sucinto e sumário de um estafermo proporciona-me um certo alívio – curto, mas delicioso – enfim, uma espécie de breve redenção.
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O “rosto da classe dirigente” de hoje é Pedro Mota Soares, o ministro que faz da  Solidariedade e da Segurança Social uma inefável, imarscecível e abnegada obra de caridade.
De cada vez que se desloca a uma qualquer zona degradada, a bordo do seu Audi não sei quantos topodegama, em visita a uma instituição privada de solidariedade social apinhada de novos pobrezinhos, o senhor ministro da caridadezinha dá-lhes uns cêntimos e muitas recomendações. Que não gastem tudo em vinho e que têm que ser poupadinhos, diz-lhes ele - porque não há dinheiro - foi aliás por isso que ele foi de mota à tomada posse (assistiu a tudo, assinou e jurou solenemente com o capacete debaixo do braço). Os pobrezinhos não esquecem e aplaudem, agradecidos. 
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1 comentário:

cid simoes disse...

Para me acalmar tomo uns "comprimidos" de João Gilberto.