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A caricatura não é, por definição, um retrato amável, ou flateur. É sempre um retrato parcial. Isto é, um retrato com opinião. Na caricatura não há, como no retrato, espaço para subtilezas subliminares, idealizações aduladoras ou interpretações subjectivas. Numa caricatura, as preocupações de verosimilhança são apenas as suficientes para que se identifique o modelo. A deformação, a desproporção, a cor e outras soluções gráficas achadas pela imaginação é que fazem de uma caricatura um retrato enfático, com intenção. Ou seja, toda a caricatura é uma opinião.
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Durante este ano, entre cartoons, charges, meros apontamentos ou simples reflexões, publiquei neste blogue cerca de 112 caricaturas de personalidades que, de uma forma ou de outra, foram pontuando a actualidade e a minha atenção.
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Se eu tivesse, como certos bloguers, que escolher a figura mais marcante do ano, escolheria a de Vítor Gaspar, o ministreiro das financinhas.
E porque sim. - A evidência da sua personalidade é tão marcantemente alta que se repercute em baixa na minha (e dos meus) qualidade de vida. - Querem algo mais marcante?
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Segundo noticiado recentemente pelo “Correio da Manhã”, o sujeito é conhecido entre os seus colegas de governo pelo petit nom ternurento de “salazarinho” – certamente pelas suas qualidades - o que também diz muito da escala de valores e de afectos daquela maltosa.
Curiosamente, a 16 de Agosto (quando editei a caricatura) a minha impressão sobre Gaspar - que enunciei no pequeno texto com que tenho por hábito ilustrar de alguma subjectividade as minhas opiniões (os meus desenhos) - era precisamente a de que o sujeitinho me fazia lembrar o outro. Impressão corroborada agora, segundo o “Correio da manhã”, pelos amigos próximos do fenómeno.
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O que prova que um retrato opinativo também pode ser realista. E que uma caricatura pode ser um retrato fiel. É uma questão de intuição. Ou de intenção.
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Mas e agora, não se pode, sei lá, defenestrá-lo, ou assim? – perguntais vós - este que agora começa, ainda podia ser um bem Feliz Ano Novo.
- Que quereis que vos diga, ó meus amigos. O bom povo de Lisboa fê-lo (com a devida vénia) a D. Martinho de Zamora (que deus tem), em 1383; e a D. Miguel de Vasconcelos (idem idem, aspas aspas), em 1640. E consta que foram anos muito marcantes.
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1 comentário:
É um boneco bem escolhido... tenho que voltar a abrir a "minha galeria" à sua arte. Talvez para o ano (mas não já amanhã). Até lá.
QUE O ANO DE 2012 SEJA O ANO DA CIDADANIA, DA FRATERNIDADE E DA MUDANÇA. Que o seja. E se vier a ser, então haverá razão para dizer que 2012 foi... um ano muito feliz.
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