Ontem à tarde realizou-se uma importante reunião do executivo da Câmara Municipal da Figueira da Foz.
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Eu estive lá. Discutia-se o futuro do Mercado Municipal.
Eu estive lá. Discutia-se o futuro do Mercado Municipal.
O salão nobre exibia uma magnífica moldura humana. Estava como nos seus grandes dias, cheio como um ovo. O vereador Miguel Almeida apresentou-se num esplêndido tailleur em tons de terra (queimada), onde rutilava a cor de laranja de uma gravata. O da cultura, sem o seu chapéu de palha. O jogo era a rigor. O vereador cem por cento Daniel Santos, de mãos largas, distribuía cumprimentos enquanto o seu colega Vítor Coelho, mais contrito, se apresentou de braço ao peito, já lesionado. Os jornalistas tomaram posição, nos seus auscultadores. O presidente dirigiu os trabalhos.
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O vereador Tavares respondeu em tom monocórdico e oficial a um munícipe que o questionava sobre um assunto qualquer que me escapou. A coisa só começou realmente a aquecer quando o presidente deu a palavra a Custódio Cruz, presidente da Associação de Concessionários do Mercado Municipal.
O vereador Tavares respondeu em tom monocórdico e oficial a um munícipe que o questionava sobre um assunto qualquer que me escapou. A coisa só começou realmente a aquecer quando o presidente deu a palavra a Custódio Cruz, presidente da Associação de Concessionários do Mercado Municipal.
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Mas a estória conta-se assim: o executivo pretende alojar provisoriamente os comerciantes do mercado numa instalação semi-rígida, deslocalizada no parque das gaivotas, enquanto decorrerem as obras necessárias à reabilitação do edifício do mercado. No entanto, estes comerciantes desconfiam que se está a preparar mais um cambalacho imobiliário. Que tudo se trata de um estratagema para os desalojar definitivamente, pois o executivo serve-se de um regulamento, supostamente redigido pelo vereador Miguel Almeida em 1998 - ao tempo de Santana Lopes - que consagra a perda de direitos adquiridos pelos concessionários.
Mas a estória conta-se assim: o executivo pretende alojar provisoriamente os comerciantes do mercado numa instalação semi-rígida, deslocalizada no parque das gaivotas, enquanto decorrerem as obras necessárias à reabilitação do edifício do mercado. No entanto, estes comerciantes desconfiam que se está a preparar mais um cambalacho imobiliário. Que tudo se trata de um estratagema para os desalojar definitivamente, pois o executivo serve-se de um regulamento, supostamente redigido pelo vereador Miguel Almeida em 1998 - ao tempo de Santana Lopes - que consagra a perda de direitos adquiridos pelos concessionários.
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Pelo que me foi dado perceber da discussão, o projecto para as obras (que supostamente seriam comparticipadas em 80% pelo QREN) não existe – ou está no segredo dos deuses - pelo que eu deduzo que o correspondente orçamento também. Quanto ao famoso regulamento, que o executivo quer fazer valer, fiquei elucidado da sua putativa legalidade ao saber que nunca foi discutido publicamente nem publicado em Diário da República.
Entretanto, a discussão atingiu os píncaros quando Miguel Almeida partiu a loiça (quebrou um copo) tentando explicar, arguindo um papel sem cabeçalho com as assinaturas dos concessionários, no qual estes supostamente concordavam com o supracitado regulamento. Foi aqui que Custódio Cruz foi aos arames (entre outras coisas que são verdade, chamou qualquer coisa ao vereador Daniel Santos, ao que este respondeu aos gritos “não é verdade, não é verdade”) e o presidente se levantou e mandou toda a gente para intervalo e os vereadores para os gabinetes.
Eram então quase cinco em ponto da tarde. Hora do chá. Saí ordeiramente e fui refrescar-me com uns amigos.
Pelo que me foi dado perceber da discussão, o projecto para as obras (que supostamente seriam comparticipadas em 80% pelo QREN) não existe – ou está no segredo dos deuses - pelo que eu deduzo que o correspondente orçamento também. Quanto ao famoso regulamento, que o executivo quer fazer valer, fiquei elucidado da sua putativa legalidade ao saber que nunca foi discutido publicamente nem publicado em Diário da República.
Entretanto, a discussão atingiu os píncaros quando Miguel Almeida partiu a loiça (quebrou um copo) tentando explicar, arguindo um papel sem cabeçalho com as assinaturas dos concessionários, no qual estes supostamente concordavam com o supracitado regulamento. Foi aqui que Custódio Cruz foi aos arames (entre outras coisas que são verdade, chamou qualquer coisa ao vereador Daniel Santos, ao que este respondeu aos gritos “não é verdade, não é verdade”) e o presidente se levantou e mandou toda a gente para intervalo e os vereadores para os gabinetes.
Eram então quase cinco em ponto da tarde. Hora do chá. Saí ordeiramente e fui refrescar-me com uns amigos.
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Eis senão quando, hoje de manhã, ao ler os jornais na net, fiquei a saber que o facto político do dia para o jornalista da LUSA foi, não a reunião, arrumada numa linha noutro jornal com “peixeirada suspende reunião de Câmara da Figueira da Foz”, mas sim algo que aconteceu durante a citada reunião: um desvio de trinta euros da carteira da vereadora Cardoso das finanças, que esta tinha deixado no seu gabinete. Há coisas realmente importantes.
Eis senão quando, hoje de manhã, ao ler os jornais na net, fiquei a saber que o facto político do dia para o jornalista da LUSA foi, não a reunião, arrumada numa linha noutro jornal com “peixeirada suspende reunião de Câmara da Figueira da Foz”, mas sim algo que aconteceu durante a citada reunião: um desvio de trinta euros da carteira da vereadora Cardoso das finanças, que esta tinha deixado no seu gabinete. Há coisas realmente importantes.
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Tudo o que posso dizer é que pelo menos deste desvio colossal, o vereador Miguel Almeida está inocente. E o presidente. E a restante vereação. E até o jornalista da LUSA, himself. Posso afiançá-lo e até testemunhar. Ninguém arredou pé durante a reunião. Eu estava lá.
Temos o mesmo álibi.
Tudo o que posso dizer é que pelo menos deste desvio colossal, o vereador Miguel Almeida está inocente. E o presidente. E a restante vereação. E até o jornalista da LUSA, himself. Posso afiançá-lo e até testemunhar. Ninguém arredou pé durante a reunião. Eu estava lá.
Temos o mesmo álibi.
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1 comentário:
E o Fernando Campos já verificou se lhe limparam o porta-moedas?
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