.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A consagração da venalidade




Apesar de este ser um blogue de desenhos, nunca teve medo das palavras - tento usá-las com parcimónia (não gosto demasiado de adjectivos) mas, para mim, um corrupto é um corrupto. Ponto. Na Coreia do Norte ou nos mares do sul; em cumieiras-de-baixo ou na Côte-de-Azur.
.
A cidade em que habito não cessa de me espantar. Confesso que umas vezes me diverte, outras ainda m’ avergonha. Outras, apenas me repugna.
.
Aguiar de Carvalho pode ter sido um excelente chefe de família e até uma pessoa estimável, mas foi um mau presidente da Câmara. Foi com ele que a cidade (o concelho) chegou mais ou menos ao ponto em que está. Os passos seguintes foram em volta. E para baixo. E continua. A Figueira da Foz vive uma espécie de deriva estratégica: não sabe se há-de ser turística, industrial ou a puta que a pariu.
A sua curiosa visão política levou-o a escolher um advogado cheio de sono para pugnar pelas “derramas” das celuloses (estas empresas laboram e poluem no concelho da Figueira mas pagam a “derrama” em Lisboa, onde têm sede) - com os resultados que se conhecem. A míngua de receitas levou-o a entregar a cidade nas mãos sujas da especulação imobiliária (era conhecida de todos a sua conspícua ligação a determinados patos-bravos) ao ponto de transformar uma pequena e encantadora cidade piscatória com tradição turística e veleidades industriais numa espécie de Brandoa sur-mer.
- Lembram-se da VIDOR, essa empresa de referência na construção de cólidade, a quem foram entregues as zonas mais nobres da cidade?
- E da decisão estratégica inspirada de entregar a zona industrial a um especulador imobiliário?
- Além disso, quem não se lembra dos seus devaneios delirantes como o “aeroporto internacional” e o “TGV para Fátima”?
.
– Enfim, o sujeito era tão mauzinho que ao fim de 16 anos o seu próprio partido (o sucialista) lhe retirou o apoio a uma eventual recandidatura e mesmo assim não evitou a derrota estrondosa e humilhante às mãos de Santana Lopes, esse génio da política.
.
Contudo não há como morrer para se alcançar a glória.
Agora que uma das suas amizades electivas voltou a fazer negócios no concelho, o seu partido (o sucialista, claro) de novo com as “mãos na massa”, quer dizer, no poder, resolveu homenageá-lo com um busto na praça da Europa. Nem mais.
Mas há mais. Segurem-se: a proposta foi aprovada por “unanimidade” e “aclamação”. Em Assembleia Municipal. Nem uma abstençãozinha ou um voto contra. Unzinho. Nem da direita, nem do centro, nem da esquerda. E esta questão não era sequer política ou ideológica: era apenas de bom-senso. E de bom gosto.
.
Um velho comunista figueirense disse-me em tempos com um humor desalentado: “Esta terra é tão fraca que aqui nem os comunistas prestam.”
Muito pior do que a deriva estratégica de uma cidade, é a sua deriva moral.
Mas se calhar não há uma coisa sem outra. Ça va de soi.
Não é bonito de se ver.
Dá vómitos.
..

3 comentários:

cid simoes disse...

Boas farpas!

o cu de judas disse...

haja alguém com coragem para colocar os pontos nos iiiis
de facto nesta terra não existe lucidez ou então estamos perante invertebrados, sem coluna, que estão sempre com o poder, o que interessa é tirar lucro de tudos e de todos, desde o senhor cujos projectos foram chumbados apesar de sucessivas alterações aos mesmos, e que já farto da situação vendeu os lotes e respectivos projectos a outro, e este por ironia do destino apresentou o 1º projecto reprovado e este foi de imediato aprovado- Assunto para tribunal, já em fase adiantado do julgamento, desistência do quexoso, a ré (Cãmara) decidira comprar o silêncio dando emprego a um sobrinho ou filho do queixoso

o cu de judas disse...

haja alguém com coragem para colocar os pontos nos iiiis
de facto nesta terra não existe lucidez ou então estamos perante invertebrados, sem coluna, que estão sempre com o poder, o que interessa é tirar lucro de tudos e de todos, desde o senhor cujos projectos foram chumbados apesar de sucessivas alterações aos mesmos, e que já farto da situação vendeu os lotes e respectivos projectos a outro, e este por ironia do destino apresentou o 1º projecto reprovado e este foi de imediato aprovado- Assunto para tribunal, já em fase adiantado do julgamento, desistência do quexoso, a ré (Cãmara) decidira comprar o silêncio dando emprego a um sobrinho ou filho do queixoso