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sábado, 20 de março de 2010

Sérgio Amaral e a sábia ingenuidade


O meu amigo Sérgio Amaral inaugurou recentemente uma exposição na Biblioteca Municipal de Mangualde, a que infelizmente não pude assistir.
O Sérgio é um dos mais notáveis ceramistas portugueses da actualidade. Artesão cônscio de uma longa tradição popular (conhece bem, e pratica-a ainda, a antiga técnica da “soenga” que é a arte de cozer o “barro negro” da sua terra natal), Sérgio aprendeu também a trabalhar a roda e as modernas técnicas do raku e da redução, o que faz dele um técnico competente, condição que, aliada a uma irreprimível imaginação, o transformam num formidável artista criativo.
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Os seus poderosos matarrachos, aparentemente de uma ingenuidade de “cunho popular”, são seres fabulosos que, ainda que ele afiançe que lhe vêem da memória, transbordam de uma nonchalance premeditada, de um humor bizarro e atrevido e de um nonsense por vezes delirante.
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Além da exposição de Mangualde e da sua Casa-Atelier, em Stª Luzia, também podem ser vistas obras do Sérgio na Figueira da Foz (a Magenta tem actualmente três peças suas em exposição, na sua galeria por debaixo da esplanada Silva Guimarães).
Foi aliás na Magenta (somos ambos sócios) que conheci este beirão matreiro e sonhador a quem escapam amiúde palavras que definem a sua vida e o seu labor: “Ahh, a força que é precisa para se não perder a ingenuidade.”
.Ao alto, stº António, barro preto
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