.

sábado, 16 de janeiro de 2010

O inspector-geral




“Uma minúscula autarquia de província vive o pesadelo da visita de um Inspector-Geral anunciada por carta a um presidente da câmara modelo de populismo, corrupção e ridículo.

Durante quase duzentos anos debateram-se opiniões sobre esta obra de Gogol. Estamos diante de uma sátira de costumes disse-se. De uma obra política?

Outros defenderam “é uma obra de dimensão metafísica”, uma obra moral, um exercício de fantástico e de absurdo onde o sonho, o medo e o remorso dominam.

Felizmente vivemos um tempo que entrelaçou Brecht com Stanislavski e Marx com Freud. Estamos livres para olhar para este impostor, estrangeiro, diabo, nada, com a liberdade de não querermos saber o que foi ele para Gogol, mas o que pode ser para nós hoje.

Para mim, se querem saber, estamos diante de tudo isso e de um escritor/artista a jogar às escondidas com o seu pânico. Mas sobretudo estamos num Baile de Máscaras onde ninguém é quem mostra ou, sequer, quem julga ser. No coração das trevas, lá mesmo onde o teatro acendeu uma luz. Uma obra que permite a actores e directores a realização de grandes trabalhos e ao público um arraial de gargalhada.”
.
.Este texto, julgo que de Maria do Céu Guerra, faz parte da promoção da peça de Nicolau Gogol, que A Barraca teve em cena até (pelo que sei) Janeiro de 2009.
O Inspector-Geral sobe agora à cena na SIT (Sociedade de Instrução Tavaredense), em Tavarede, com encenação de Fernando Romeiro.
Conhecendo a tradição da casa e os critérios de Fernando Romeiro, esperam-se “grandes trabalhos” e, claro, conhecendo a peça, um “arraial de gargalhada”. É hoje, às 21.45h.
Nunca como agora foi tão "apropositada" a escolha de uma peça teatral: a chegada de O inspector-geral a uma terra com fortes tradições no teatro amador mas cujos poderes instituídos acabam de fazer uma, concerteza muito cultural mas desconcertante e algo abstrusa, opção estratégica pela Dança. (O protocolo também daria um belo título para uma peça. Seria, igualmente e pela certa, outro manancial de gargalhadas).
.
.

1 comentário:

Anónimo disse...

intervenção muito oportuna, será que o cae não poderá promover umas jornadas de teatro amador