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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O perfil presidencial


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Dele dizem que é “um peixe de águas profundas”, seja lá isso o que for. Acho que ninguém sabe.
Muitos lhe vaticinaram um futuro lisonjeiro mas, mesmo no seu partido, nunca foi sequer chefe de facção; quando muito, inspirador de uma “sensibilidade”. Ninguém lhe conhece os feitos mas o que é facto é que a República nunca lhe regateou condecorações e louvores.
Só ainda não ganhou a lotaria. Mas está para breve; segundo os jornais, a “ala moderada” do seu partido já sugeriu o seu nome como candidato presidencial (se Correia de Campos é um “moderado”, seria interessante conhecer os “ultras”).
O curioso da coisa é que, para além de um opúsculo e algumas minudências sobre "política externa portuguesa", ninguém sabe o que é que o homem pensa sobre o que quer que seja. E ele não parece preocupado em desvanecer especulações.
O “prestígio” na política continua um mistério para mim. Deduzo que deva ser uma espécie turva de fascínio colectivo por nebulosas e profundezas.
Talvez por isso arrisquei, com uma linha clara, traçar-lhe o “low profile”.
A linha sinuosa que lhe define os traços delimita o espaço e aí circunscreve uma estranha forma, vazia, mole, melíflua e balofa, que se lhe assemelha perturbadoramente.
Porém, o estranhamento entranha-se quando, por outro prisma, também nos apercebemos da inquietante semelhança entre a imagem da República e o perfil do candidato à sua presidência.
Presumo que seja a isto que se convencionou chamar um “retrato premonitório”.
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2 comentários:

alex campos disse...

Este não é o tipo que gosta muito do João Jardim?

Anónimo disse...

É. E muito.
Mas há quem diga que gosta mais de fedelhos.