O humor é uma arte difícil,
se é muito ligeiro não se compreende
e se é muito pesado pode esmagar os pés a quem o lança
Ao contrário do colega local de “O Quinto Poder”, eu não acredito no humor bom e no humor mau, o “saudável” e o “doentio”. Duvido muito do humor "recomendável".
Suspeito que o humor provém de uma irreprimível e imponderável pulsão do inconsciente que não se compadece com as conveniências do politicamente correcto (vulgo sensatez).
O humor é uma arma dirigida mas, convenhamos, muito difícil de manejar. Não tem perdão nem inocência. Das duas, uma: ou é eficaz e consequente (e aqui recorre a todas as munições da inteligência - da subtileza à obscenidade, passando pela desmesura) ou é amável e inofensivo. No primeiro caso acerta quase sempre em cheio, não mata mas mói; no segundo é um tiro frouxo, nem faz cócegas, é uma gracinha, anódina como tudo o que é sensato e recomendável. É bem tolerado e muito frequente nos nossos “jornais de referência”.
Contudo, a gracinha tem uma variante mais popular, de efeito mais imediato ou óbvio a que se pode chamar graçola. Em geral, e apesar da sua carga algo pesada e grosseira, é vista com benevolência pelas elites dado o seu carácter naïf, popular. É até incentivada, sobretudo pelas televisões. Está tão difundida entre nós que já se tornou uma aceitável e convencionada (dentro de certos limites, como quase tudo em Portugal) “arma de arremesso político”, como se viu recentemente no parlamento; o que levou Camilo Castelo Branco a afirmar, triste e psicofodido, que “os portugueses não sabemos rir com espírito, apenas gargalhamos com os queixos.”
Suspeito que o humor provém de uma irreprimível e imponderável pulsão do inconsciente que não se compadece com as conveniências do politicamente correcto (vulgo sensatez).
O humor é uma arma dirigida mas, convenhamos, muito difícil de manejar. Não tem perdão nem inocência. Das duas, uma: ou é eficaz e consequente (e aqui recorre a todas as munições da inteligência - da subtileza à obscenidade, passando pela desmesura) ou é amável e inofensivo. No primeiro caso acerta quase sempre em cheio, não mata mas mói; no segundo é um tiro frouxo, nem faz cócegas, é uma gracinha, anódina como tudo o que é sensato e recomendável. É bem tolerado e muito frequente nos nossos “jornais de referência”.
Contudo, a gracinha tem uma variante mais popular, de efeito mais imediato ou óbvio a que se pode chamar graçola. Em geral, e apesar da sua carga algo pesada e grosseira, é vista com benevolência pelas elites dado o seu carácter naïf, popular. É até incentivada, sobretudo pelas televisões. Está tão difundida entre nós que já se tornou uma aceitável e convencionada (dentro de certos limites, como quase tudo em Portugal) “arma de arremesso político”, como se viu recentemente no parlamento; o que levou Camilo Castelo Branco a afirmar, triste e psicofodido, que “os portugueses não sabemos rir com espírito, apenas gargalhamos com os queixos.”
Parece-me, no entanto, abusivo querer aplicar ao humor quaisquer códigos de ética. E parece-me igualmente destrambelhado atribuir ao humor veleidades “construtivas” quando a sua função primordial e intrínseca é “desconstruir”, se é que me entendem.
Eu acredito que o humor consequente não é moral nem imoral, é amoral, isto é, move-se em terrenos do senso comum; não da moral, que é um dos domínios do preconceito.
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*sobre o conceito de psicofoda, ver aqui e aqui.
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*sobre o conceito de psicofoda, ver aqui e aqui.
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