“Tenho horror às pessoas que falam do “belo”. O que é o belo?
Na pintura deve falar-se de problemas. Quadros não são mais que pesquisa e experimentação. Nunca pinto um quadro como obra de arte. Todos são pesquisas. Pesquiso incessantemente e em toda esta procura contínua está um desenvolvimento lógico. Por isso numero e dato os quadros. Talvez alguém um dia se sinta grato por isso. Pintar é uma questão de inteligência.” Pablo Picasso
Na pintura deve falar-se de problemas. Quadros não são mais que pesquisa e experimentação. Nunca pinto um quadro como obra de arte. Todos são pesquisas. Pesquiso incessantemente e em toda esta procura contínua está um desenvolvimento lógico. Por isso numero e dato os quadros. Talvez alguém um dia se sinta grato por isso. Pintar é uma questão de inteligência.” Pablo Picasso
Este quadro é um “desenvolvimento lógico” de uma série de pinturas em que trabalhei entre 2004 e 2006 (esta é uma delas, sigam os links).
Esteve virado contra a parede do meu atelier, desde então por concluir. As soluções que eu ia achando pareciam-me sempre insatisfatórias para os problemas que a sua concepção havia suscitado. - Até que, na semana passada, “o resolvi” (como diz o meu amigo Filinto Viana).
A composição representa um gato sobre uma manta, entre dois grupos de máscaras.
O motivo geométrico da manta escocesa é representado linearmente (a duas dimensões) e é, voluntária e maliciosamente, uma reminiscência do padrão das composições de Mondrian, mas em negativo; Isto é, a manta não é aqui seguramente um refúgio de conforto e de harmonia para o desconcerto do mundo.
O padrão assim “invertido”, desenhado numa ligeira diagonal, instila na composição um desequilíbrio, uma falha que potencia uma pulsão inquietante e contamina todo o conjunto: - os dois grupos de máscaras, (vagamente ameaçadores ou trocistas, numa amálgama indistinta de brancos, cinzas e azuis quase neutros); o fundo (premonitório, na sua gradação de azuis violáceos) e a mancha vermelha (violenta e afirmativa, que desenha o gato como um grito).
O contraste entre a pintura plana (da reprodução da manta) e resto da composição, ilustra o meu conceito da pintura como um lugar onde a imaginação sublima os fantasmas da realidade.
Penso que esta pequena tela testemunha também - com alguma (auto) ironia, três ou quatro tons surdos e um acorde estridente - duas das minhas afinidades com o artista belga James Ensor: o mesmo fascínio pelas máscaras e um (no meu caso, crescente) horror às multidões.
------------------------------------------------------------------------------------------
Ao alto, O gato e as máscaras sarcásticas, acrílico s/ tela, 60x60 - 2004-2009
.
Esteve virado contra a parede do meu atelier, desde então por concluir. As soluções que eu ia achando pareciam-me sempre insatisfatórias para os problemas que a sua concepção havia suscitado. - Até que, na semana passada, “o resolvi” (como diz o meu amigo Filinto Viana).
A composição representa um gato sobre uma manta, entre dois grupos de máscaras.
O motivo geométrico da manta escocesa é representado linearmente (a duas dimensões) e é, voluntária e maliciosamente, uma reminiscência do padrão das composições de Mondrian, mas em negativo; Isto é, a manta não é aqui seguramente um refúgio de conforto e de harmonia para o desconcerto do mundo.
O padrão assim “invertido”, desenhado numa ligeira diagonal, instila na composição um desequilíbrio, uma falha que potencia uma pulsão inquietante e contamina todo o conjunto: - os dois grupos de máscaras, (vagamente ameaçadores ou trocistas, numa amálgama indistinta de brancos, cinzas e azuis quase neutros); o fundo (premonitório, na sua gradação de azuis violáceos) e a mancha vermelha (violenta e afirmativa, que desenha o gato como um grito).
O contraste entre a pintura plana (da reprodução da manta) e resto da composição, ilustra o meu conceito da pintura como um lugar onde a imaginação sublima os fantasmas da realidade.
Penso que esta pequena tela testemunha também - com alguma (auto) ironia, três ou quatro tons surdos e um acorde estridente - duas das minhas afinidades com o artista belga James Ensor: o mesmo fascínio pelas máscaras e um (no meu caso, crescente) horror às multidões.
------------------------------------------------------------------------------------------
Ao alto, O gato e as máscaras sarcásticas, acrílico s/ tela, 60x60 - 2004-2009
.
Sem comentários:
Enviar um comentário