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sábado, 27 de dezembro de 2008

Rafael Bordalo Pinheiro

Os portugueses não apreciam o talento, o esforço e a imaginação.
Preparam-se para assistir, de braços cruzados (uma das poses em que Rafael Bordalo Pinheiro os imortalizou, como Zé povinho) ao encerramento da Fábrica de Faianças Bordallo Pinheiro, cem anos após a morte do seu fundador.
Rafael Bordalo Pinheiro é um dos maiores artistas portugueses de todos os tempos. Levou a Arte e o humor para os jornais e criou, no 5º número da revista A Lanterna Mágica, de 12 de Junho de 1875, o Zé Povinho, mas também, em 1884, a Fábrica de Faianças artísticas Bordallo Pinheiro.

Por qualquer um destes feitos mereceria um lugar de destaque na história da arte portuguesa.
Mas o Zé Povinho está bem e recomenda-se. É cada vez mais igual a si próprio, esperto e matreiro, sem moral nenhuma; se pudesse trepava para as costas dos que o cavalam a ele. Não gosta de trabalhar (tem cólicas às segundas feiras) e prefere resignar-se do que combater. O manguito é o seu gesto filosófico perante os desacertos do mundo.

O país também. Tem ministros que “se empenham pessoalmente” em salvar bancos privados; indemniza copiosamente reconhecidos pedófilos; enche as cadeias de pilha-galinhas e até tem escroques encartados como conselheiros de Estado; os seus governantes, à míngua de “sentido de estado”, têm, em abundância, um inigualável “sentido de mercado”: vejam isto!

Já a imprensa está muito diferente do seu tempo. Os jornais pertencem todos (ou estão “associados”, mesmo os regionais) a 2, 3 ou 4 magnates; a língua portuguesa é neles avacalhada diariamente até á humilhação; o desenho gráfico, a sátira e a mais leve mordacidade consequente foram praticamente banidos das suas páginas.
Muita gente decente se entristece e indigna com isto.
A FECO (Associação de cartoonistas Portugueses) propõe-se mesmo fazer algo.
O que se justifica, pela memória viva do Mestre de todos nós.
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Nunca foi fácil a vida desta Fábrica. Vejam aqui a história da Fábrica da Faianças Artísticas Bordallo Pinheiro.
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1 comentário:

a saber disse...

Lembro agora consigo o que não esqueci. Uma exposição na então chamada Câmara Municipal cá do meu sítio. Uns desenhos que me aguçaram a curiosidade. Inesquecível Rafael Bordalo Pinheiro.