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sábado, 24 de maio de 2008

José Guadalupe Posada (1852-1913)


O muralismo Mexicano (Rivera, Orozco, Siqueiros, a grande arte mexicana do século vinte) não teria sido possível sem o “expressionismo rude do imaginário popular e o dramatismo das cenas de costumes”, tão característicos da obra deste gravador e artista gráfico invulgar. Dele dizia Diego Rivera que era “tan grande como Goya”.

Apaixonado da caricatura política, desenvolveu novas e inovadoras técnicas de impressão, trabalhou e fundou periódicos importantes. Com as suas gravuras impressas em folhetos baratos, ilustrou corridos, histórias de crimes e paixões, aparecimentos e milagres, descrevendo com uma originalidade sempre inspirada, o espírito do povo mexicano, desde o quotidiano às questões políticas, o terror do fim do século e do mundo, os desastres naturais, as crenças, a religião e a magia.
Célebre pelas gravuras sobre a morte (para ele, a morte era democrática, ya que, a fin de cuentas, güera, morena, rica o pobre, toda la gente acaba sendo calavera).
Com as suas interpretações das atitudes do mexicano na vida quotidiana, através de caveiras actuando como gente comum, Posada criou a iconografia (a calavera Catrina) que consolidou os cânones estéticos da festa do dia de los Muertos no México, esse “pobre país”, segundo um dos seus presidentes (Lázaro Cárdenas, 1934-40), “tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos.


“Don Lupe”, é um dos meus mestres "de cabeceira".
Uma reprodução da gravura D. Quixote e os anões, que ilustra este postal, acompanha-me no meu atelier desde que conheci a sua obra (há muitos anos, através de umas publicações em edição brasileira, de “O Correio da Unesco”) e testemunha a minha devoção e fascínio, sempre renovados, pela sua ironia devastadora, pelo seu radical humor negro e por uma intrínseca e implacável crueldade, nada comum entre nós, muito propensos a imagens bem mais sensatas, complacentes e bem-comportadas.
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